segunda-feira, 16 de novembro de 2015

A Lenda da Pedra da Freira em Caraguatatuba



Vivia num lugar de muitos caraguatás, que seu povo chamava de Caraguatatuba. Caiçaras também, pois viviam entre a serra e o mar, cercados pelas serranias da Mata Atlântica. Era uma aldeia Tupinambá onde em certa época apareceu uma jovem, delicada e bondosa freira. Esta tinha a missão de catequizar aquele povo.
Iuriti era um jovem Tupinambá, amante do mar e tinha uma predileção em observar, nas noites de lua nova, as brilhantes estrelas daquele céu sem fim. Fazia isso deitado numa pedra a beira mar. Gostava das que corriam com suas caudas incandescentes a sumir no infinito. Numa noite daquelas, uma estrela riscou o céu e veio em sua direção, tinha um brilho diferente, verde esmeralda, luz que nunca tinha visto. Veio vindo, veio vindo e, diante de seus olhos, caiu naquele mar sereno, a poucos metros de si. Assustado pensou em correr, mas foi forte e ficou a olhar o encapelar das ondas, causado pelo encontro da estrela com o mar. Não demoraram muito as ondulações, viu então que aquela estrela ainda brilhava no fundo do mar. Agora cintilava uma luz morna, mas ainda de intensa beleza. Com coragem de guerreiro, num mergulho resolveu buscá-la. Notou então que quando se aproximava, a estrela se afastava. Voltava à tona, respirava e em nova investida seguia atrás da estrela. E nada! Voltava à pedra e via que ela ainda estava lá. Daí pra frente passou apenas a observá-la, toda noite ia visitá-la e adorar aquele verde esmeralda que lhe intrigava.
Por coincidência ou não, foi no dia seguinte que veio a conhecer aquela estranha figura, com estranha rouparia, que da cabeça aos pés fazia-se cobrir. Via-se em meio aos demais da tribo, jovens e crianças que a abraçavam e lhe davam as mãos. O que seria? Curioso foi ver o rosto. Era linda! E o mesmo verde esmeralda da estrela lhe saiam dos olhos. Estatelado e emudecido ali ficou a olhar aquele verde olhar. Era a estrela! Seu coração palpitou num sentimento único, coisa que nunca tinha sentido. De súbito sumiu... Já estava lá na pedra olhando o mar, tentando ver a sua estrela, mas não a viu... Sem arredar pé ficou a espera da noite, e nesse percurso só avistava aqueles lindos olhos verdes... Aquela noite demorou uma semana, talvez um mês, foi quando deu por conta do que tinha a fazer. Aspirou todo o ar do mundo e mergulhou em busca da estrela, que agora já não era mais dele, já tinha outro dono: a freira. Impossível! Ela se afastava ao se aproximar. Tentava, mas era em vão.
Tinha o nome de Maria. Maria, Maria, Maria. Foi a primeira palavra que Iuriti aprendeu. Maria eram seus pássaros. Maria eram seus peixes. Maria eram seus caraguatás. Maria era o mar. Maria eram suas estrelas. Maria era sua luz esmeralda. Conheceu Maria que o conheceu também, no mesmo sentimento, mas a jura de Maria era o amor divino.
Numa tarde, caminhando em lagamá da praia, Maria presenteia Iuriti com um crucifixo em colar de ouro. Querendo retribuir da mesma maneira, Iuriti pensa na estrela que caíra no mar e convencendo a freira foram ao local de seu presente. A noite chegou e ela surgiu, com a mesma cor, mesmo brilho, tal qual os verdes olhos de sua amada. Contou a ela sobre aquela estrela e sua intenção de presenteá-la.
- Não vá! Pediu-lhe a freira. - Não deu ouvidos. Chamou todo ar que seus pulmões podiam agüentar e mergulhou em busca daquela verde luz...
Da pedra, ela viu a luz se afastando...
- Volte meu amor!!! - Não arredou pé e em orações ficou. Dia e noite, noite e dia. E por amor, freira em pedra se transformou.

Conheça Caraguatatuba e suas praias


A praias de Caragua atraem turistas com os mais variados perfis, muitas com excelentes Hotéis e Pousadas. Temos praias tranqüilas, de águas calmas e areias claras, ótimas para banhistas e para famílias, e algumas com excelente estrutura comercial. Mas temos também praias de águas agitadas próprias para esportes como o Surfe Body Board, praias excelentes para esportes náuticos e praias que se transformaram em verdadeiros pontos de encontro com inúmeros quiosques e bares de praia. Veja todas as páginas das praias de Caraguá nos links abaixo, com fotos e todas as informações.
Praias de Caraguá numeradas no mapa no sentido da divisa com Ubatuba em direção à divisa com São Sebastião.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Catástrofe de Caraguatuba 1967

No dia 18 de março de 1967, a então Vila de Caraguatatuba sofreu uma grande tragédia que destruiu casas, bairros, ruas e toda a história de vida do povo caiçara. Após vários dias de fortes chuvas, a serra do mar ficou enfraquecida e parte da sua superfície veio abaixo levando consigo árvores, lama, pessoas e todos os obstáculos que encontrava pela frente.
Mas um acontecimento salvou a vida da população. A ponte do Rio Santo Antonio sofreu um rompimento que salvou Caraguá. As águas, troncos e entulhos foram levados para o mar, diminuindo a enchente e acabando com a tragédia. 
O número de mortos é incalculável. Até hoje, não se sabe ao certo quantas pessoas perderam suas vidas naquele triste sábado, mas notícias da época registram em torno de 500 mortos. 


Fotos tiradas depois da tragédia 












História de Caraguatatuba


Caraguá começou a ser povoada no início de 1600, através das Sesmarias. A 1ª que se conhece ocupou a bacia do Rio Juqueriquerê, em 1609 e foi doada pelo Capitão-mor Gaspar Conqueiro aos antigos moradores de Santos, Miguel Gonçalves Borba e Domingos Jorge, como prêmio por serviços prestados á Capitania de São Vicente.
A partir desta data tem indício a ocupação na região do Juqueriquerê, que pelas suas condições favoráveis, despertava a atenção de colonos. Em meados do século XVI, começava a surgir o primeiro povoado da Vila de Santo Antônio de Caraguá.
Em 1693, um violento surto de varíola, a qual o povo vulgarmente tratava por “Bexigas”, vitimou parte da população da Vila; o restante dirigiu-se para a cidade de Ubatuba e São Sebastião, ficando então o local conhecido como a “Vila que desertou”. Devido à epidemia que se abateu sobre o povoado, o pequeno vilarejo ficou deserto, resistindo somente a igrejinha de invocação a Santo Antônio. Contudo, aos poucos, a Vila de Caraguá foi sendo novamente povoada.
Com a realização de recentes pesquisas sobre a história do município, comprovou-se que sua data de fundação é 1664/1665 e seu fundador é Manuel de Faria Dória, Capitão-mor da Capitania de Itanhaém.
Em meados do século XVIII, o novo povoado viu crescer o número de seus habitantes a tal ponto que despertaria o interesse do capitão geral da capitania de São Paulo, D. Luiz Antônio de Souza Botelho Mourão Morgado de Mateus a tomar providências para que o povoado de Santo Antônio de Caraguá fosse elevado à condição de Vila, em 27 de setembro de 1770, sem emancipação político-administrativa. Em 1847 foi elevada à condição de “Freguesia” pela lei nº 18 de 16 de março de 1847, sancionada por Manuel da Fonseca Lima e Silva, Presidente da província de São Paulo.
Em 1857, pela lei nº 30, de 20 de abril de 1857, sancionadas por Antônio Roberto D'Almeida, Vice-presidente da província de São Paulo, Caraguá é elevada à categoria de Vila. Nesta data, passou a ter sua emancipação político–administrativa, deixando de pertencer a São Sebastião. Foi reconhecida como Estância Balneária em 1947, pela lei nº 38, de 30 de novembro de 1947 e sua Comarca instalada em 26 de setembro de 1965.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Fazenda Santana São Sebastião - SP


Localizada no bairro do Pontal da Cruz, é um exemplo de engenho de açúcar. Construída em 1743, possui um sobrado de pedra entaipada, que abriga a residência, a Capela ornamentada com pinturas trabalhadas em ouro. A propriedade compreende também um aqueduto de pedra, senzalas, um canavial, zonas da mata para lenha, pastos onde todo trabalho era feito por mão-de-obra escrava. É uma propriedade particular, mas com permissão dos donos pode se visitar a casa grande, e demais dependências da fazenda, inclusive a antiga "Casa da Farinha" com o tombo d'água, roda de fábrica e pilões.
Fazenda Santana (Foto: Divulgação)

Convento Nossa Senhora do Amparo

No séc. XVII (1640), o sesmeiro Antônio Coelho de Abreu doou terras e uma Capela de Nossa Senhora dos Desamparados aos padres franciscanos. Estes a partir de então instituíram em 1664 o Convento  Nossa Senhora do Amparo, tendo anexa a Capela da ordem. O convento foi reconstruído entre 1932 e 1937.





Por quatro séculos, o Convento Nossa Senhora do Amparo foi o ponto de partida e de chegada de toda obra franciscana de evangelização do Litoral Norte de São Paulo, em continuação à mesma obra dos frades franciscanos dos Conventos de Santo Antônio do Valongo, em Santos, e de Nossa Senhora da Conceição, em Itanhaém, ambos no Litoral Sul. É de se ressaltar os trabalhos prestados pelos frades junto às paróquias de Nossa Senhora da Ajuda, em Ilhabela, na Paróquia de São Sebastião, na cidade de mesmo nome, na Paróquia de Santo Antônio de Caraguatatuba e nas capelas da região.
Todavia, a partir da segunda metade do século XIX, a exemplo do que ocorreu com todos os institutos religiosos do Brasil, também a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil teve uma progressiva e drástica redução de seu quadro de frades, em consequência do fechamento de todos os noviciados, por decreto do Marques de Pombal, que proibiu a admissão de novos candidatos à vida religiosa franciscana.

Mais sobre a Historia

Os sesmeiros Diogo de Unhate, Diogo Dias, João de Abreu, Gonçalo Pedroso e Francisco de Escobar Ortiz iniciaram a povoação na Ilha de São Sebastião, desenvolvendo o local com agricultura e pesca. Nesta época, a região contava com dezenas de engenhos de cana de açúcar, responsáveis por um maior desenvolvimento econômico e a caracterização como núcleo habitacional e político. Isto possibilitou a emancipação político-administrativa de São Sebastião em 16 de março de 1636.
Mais para o norte da vila, formou-se com o tempo um bairro com o nome primitivo de Itararé (pedra cantante) do ribeiro do mesmo nome que passa nos fundos do Convento. Com a construção do Convento, o bairro passou a se chamar “Bairro de São Francisco”, nome com que é conhecido ainda hoje.
Entre os moradores desta região, possuidores de extensas terras com matas e lavoura, encontrava-se, em meados do século XVII, Luiz Cabral de Mesquita e Antônio Coelho de Abreu. Este tinha no Itararé a sua vivenda, em que morava com sua mulher Luzia Alves de Abreu, sem ter filhos.
São esses moradores da Vila que pediram ao Custódio, em visita aos Conventos de Santos e Itanhaém, para construir um Convento no local. Antônio de Abreu doou a terra e a aprovação do governador eclesiástico se deu em 9 de agosto de 1658.
O conjunto composto pela igreja e convento demorou quatro anos para ficar pronto e foi construído com taipa de pilão, sendo a base de pedra, e alvenaria de tijolo e pedra. Em meados de 1668, com o acabamento das obras da igreja, celebrou-se nela a primeira festa de Nossa Senhora do Amparo . Era o dia 8 de setembro e assim se deu sucessivamente nos seguintes. O Santíssimo foi colocado somente no dia 2 de dezembro, primeiro domingo do Advento.
Em tamanho, o Convento é um dos menores da Província. Gracioso é o seu claustro retangular, com três arcos de um e dois de outro lado, descansando sobre grossas pilastras. Como singularidade ,que dos outros só o Convento de Cabo Frio tinha (nos Conventos no norte era usual), vê-se nele um corredor aberto com peitoril (varanda) que circunda o claustro no andar de cima.
Nas paredes do pavimento térreo há diversos nichos, que serviam de confessionários para homens, como em alguns outros antigos Conventos, e numa das paredes conserva-se o jazigo, com inscrição, do Coronel Julião de Moura Negrão, nascido em 1755 e falecido em 1838, que foi o fundador da Vila Bela da Princesa.
No tempo de Frei Apolinário da Conceição (1730) residiam no Convento 16 religiosos, mas observa que “o número já chegara a vinte” ou mais.
O frontispício da igreja e a torre não fazem face com o Convento, mas avançam para fora. Esta circunstância, como também a diferença que se nota no teto do coro demonstra a evidência de que o frontispício como se vê, coro alpendre de três arcos, não pertencia ao plano primitivo mas foi feito antes de acabar toda a obra. Seria também o motivo pelo qual a torre foi levantada quadrangular desde os fundamentos, quando em todos os outros Conventos era apenas uma parede com cubículo atrás das sineiras. O frontão da igreja está feito em linhas curvas e a torre encimada por meia laranja.
Além do altar-mor com a imagem de madeira da Padroeira, havia os laterais de São Francisco e de Santo Antônio, cujas imagens de barro são mal acabadas. Posteriormente o altar de. São Francisco foi substituído pelo do Bom Jesus e a imagem do Patriarca passou para o de Santo Antônio. Também na portaria existe uma imagem de Nossa Senhora do Amparo.
De 1885 até o início da restauração em 1931, o Convento ficou entregue a síndicos ou a simples zeladores. No Capitulo Geral de 11 de dezembro de 1937 foi instalado a Comunidade de dois sacerdotes e dois Irmãos leigos, que desde algum tempo tinham ajudado nos trabalhos da restauração.